sábado, 11 de setembro de 2010

Após reconhecimento da independência de Kosovo, Sérvia pode entrar para a UE - El País


El País
Ricardo M. de Rituerto
Em Bruxelas (Bélgica)
  • Albanesas kosovares comemoram a decisão da Corte Internacional de Justiça da ONU, que reconheceu a independência de Kosovo Albanesas kosovares comemoram a decisão da Corte Internacional de Justiça da ONU, que reconheceu a independência de Kosovo
A difícil decisão da Sérvia de sentar-se para negociar com Kosovo para consolidar "a paz, a segurança e a estabilidade na região" balcânica merece ser recompensada com a negociação para sua futura integração na UE (União Europeia), segundo a opinião informal dos ministros das Relações Exteriores da comunidade. O principal obstáculo agora é a Holanda, cujo Parlamento exige a prévia captura e entrega ao tribunal de Haia do general Ratko Mladic.
A flexibilização de Belgrado, apresentada como uma vitória a toda regra por Pristina, não representa o reconhecimento sérvio da independência de Kosovo, a qual "a Espanha não reconhece nem vai reconhecer", segundo o ministro das Relações Exteriores, Miguel Ángel Moratinos.
Os chefes das 27 diplomacias europeias, presididos por Catherine Ashton, coordenadora dos interesses de todos, estão reunidos durante dois dias em Bruxelas de maneira informal (sem a tomada de decisões compulsórias) para revisar o cenário internacional e discutir o papel que nele deve ter a união: desde repudiar a prometida queima de exemplares do Corão na Flórida até formas eficazes de ajudar o Paquistão a sair do marasmo, passando pelas relações estratégicas com a China ou o que fazer diante da Turquia.
A reunião começou na sexta-feira, pouco depois que a Assembleia Geral da ONU aprovou por aclamação uma resolução euro-sérvia sobre Kosovo que aceita a opinião do Tribunal Internacional de Justiça de Haia do mês de julho sobre a não ilegalidade da declaração de independência de Kosovo, e que propõe que a UE "facilite o processo de diálogo" entre Sérvia e Kosovo. "Esse diálogo deve promover a cooperação, avançar no caminho da UE e melhorar a vida dos cidadãos", segundo a resolução aprovada pela ONU.
"A batalha foi ganha", declarou em Pristina o ministro das Relações Exteriores de Kosovo, Skender Hyseni, com uma brutalidade alheia à diplomacia de veludo da união. "Creio que ambas as partes querem pensar no futuro e acreditamos que esse futuro está na Europa", declarou Ashton, com palavras de tom político que foi repetido pelos ministros. "É uma boa ocasião para enviar à comissão o pedido de ingresso do governo sérvio" na UE, indicou o alemão Guido Westerwelle. "Creio que isso ocorrerá antes do fim do ano", prognosticou o sueco Carl Bildt. Foi em dezembro do ano passado, durante a presidência sueca, que Belgrado apresentou sua solicitação formal de adesão.
Levar a demanda para que seja estudada pela comissão exige a unanimidade dos países membros, entre os quais a Holanda é o principal obstáculo. Capacetes azuis holandeses protegiam Srebrenica quando as tropas sérvias de Ratko Mladic cometeram a chacina de julho de 1995. O ministro holandês, mergulhado nas negociações para formar governo em seu país, não esteve na sexta-feira em Bruxelas. Mas o Parlamento de Haia deve lhe dar autorização e nesta quinta-feira insistiu para que se a Sérvia quer entrar no clube deve fazer esforços verossímeis para capturar e entregar Mladic.
"É absolutamente necessário acelerar a negociação para o ingresso da Sérvia, enfatizou Moratinos. "Não se pode adiar mais. Se alguns tivemos de fazer esforços suplementares para conseguir essa união, todo mundo deve fazer esse esforço." Com "esforços suplementares" Moratinos refere-se a que a Espanha aceitaria que a declaração de independência de Kosovo não foi ilegal, como indica a resolução apresentada na ONU. Mas o ministro deixa bem claro que acatar a sentença do tribunal de Haia não significa reconhecer a independência da província separatista: "A Sérvia não mudou de posição, nem a Espanha mudou de posição. A Espanha não reconhece a independência de Kosovo nem o fará".
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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